20/06/2022

Óleos essenciais e essências, o que são e quais as diferenças?

No mundo dos cosméticos, óleos essenciais e essências são ingredientes muito utilizados, porém poucos consumidores sabem a diferença entre e eles e quais os benefícios de um em relação ao outro, tanto para a saúde quanto para o meio ambiente. Por terem nomes parecidos geram confusão de quem consome, porém são extremamente diferentes, principalmente no quesito da forma como são extraídos e suas utilizações recomendadas.

Bom, vamos defini-los a partir da diferença mais básica entre eles: os óleos essenciais são 100% naturais e extraídos da natureza: caules; folhas; sementes; plantas; frutos; flores; resinas; casas ou goma. Já as essências são produzidas em laboratório, artificialmente, a partir de misturas de compostos aromáticos, na maioria das vezes sintéticos, obtidos através de reações químicas. Pode haver mistura com óleos essenciais, mas por conter outros compostos não-naturais, os óleos essenciais perdem sua eficácia terapêutica.

As essências servem para perfumar e não possuem princípios ativos, têm maior tendência a causar alergias e irritações, porém também podem ser hipoalergênicas, não contendo mais do que 0,001%, dos ingredientes considerados alérgenos potenciais, indicados pela ANVISA, vide RDC nº 3, de 18 de janeiro de 2012 - Ministério da Saúde (Páginas 44 e 45)¹. Esses alérgenos potenciais devem ser sempre indicados no rótulo do produto, em produtos com enxágue a concentração deve ser menor que 0,01% e produtos sem enxágue deve ser menor que 0,001%. Caso seja maior, a concentração deve ser avisada no rótulo. Ao final do texto temos uma lista de substâncias que a ANVISA regulamenta e no link, podem ver com mais detalhes.

Os óleos essenciais também perfumam, mas sua principal distinção em relação às essências é que possuem princípios ativos, os quais podem trazer benefícios à saúde. Melhoram dores de cabeça, ânsia ou vômitos. Não raro os casos em que são usados em tratamentos fitoterápicos, como na insônia, estresse, depressão, ansiedades, entre outras doenças. Os óleos são um concentrado de fitoquímicos que apresentam ação sistêmica no nosso corpo, e podemos entender seus benefícios estudando mais sobre Aromaterapia.

Por serem produzidas artificialmente, as essências são mais baratas, e seu uso mais difundido na indústria de produtos de beleza e higiene pessoal. Em contrapartida, os óleos essenciais são mais caros, por serem extraídos diretamente da natureza, e cada tipo de óleo tem sua maneira de ser retirado, tanto de folhas, caules, flores, cascas, sementes e afins, podendo ser essa extração feita por arraste de vapor, enfleurage, prensa à frio, entre outros. Além dessa especificidade de processos de extração, o rendimento das extrações é bem baixo, chegando muitas vezes a precisar de toneladas da planta para extrair apenas um litro de óleo essencial.

E como identificar esses ingredientes?

Se for óleo essencial, na embalagem estará o nome científico da planta, indicando qual a parte utilizada para a retirada do óleo e por fim o termo “oil”. Normalmente, esses dois últimos termos estão em inglês. Por exemplo:

Nome científico: Lavandula Officinalis;

Composição: Lavandula Officinalis Flower Oil. Será dessa forma que aparecerá nos rótulos.

Por outro lado, se você encontrar na composição o termo Lavandula Officinalis Flower Oil e Mineral Oil, o produto não é classificado como óleo essencial. Pois está diluído e contém derivados de petróleo, não sendo eficaz para ser utilizado como ferramenta terapêutica.

Como vimos, os óleos e as essências têm seus prós e contras. Mas você deve estar pensando: “Se for assim, só quero óleos essenciais na composição dos meus produtos”, entretanto usar apenas óleos essenciais não seria viável economicamente e ambientalmente, por ser cara a sua obtenção e, principalmente, por utilizar muito recurso natural para produzir uma pequena quantidade. As essências podem substituir os óleos e garantir o mesmo (ou até um melhor) perfume, textura e até inventando novos cheiros, além de garantir a de processo, caso a única função seja perfumar o produto.

Há quem defenda que cosméticos “limpos” devem conter apenas óleos essenciais, e essa é uma visão muito rasa e despreocupada com a sustentabilidade na obtenção desse insumo. Acredito que podemos fazer um uso mais realista e consciente desses óleos, que são tão preciosos. Em casos de usos terapêuticos, com algum objetivo de ação sistêmica desses ingredientes, podemos utilizar os óleos essenciais, mas se o objetivo é perfumar corpo, cabelo, ambientes, roupas e afins, com o uso de cremes corporais, aromatizantes, velas e produtos de limpeza, não há porquê usar óleos essenciais sendo que as essências conseguem cumprir esse papel muito bem, e de forma muito mais sustentável

No nosso instagram, @gaiacosmeticos, temos um destaque, em que explico mais sobre o uso de óleos essenciais e essências e desmistifico algumas práticas difundidas.

Aqui está a lista de substâncias que a ANVISA regulamenta, em letras maiúsculas estão o nome dos ingredientes na sua nomenclatura internacional (INCI Name) que é como eles aparecem nas embalagens. Pegue um produto bem cheiroso e dê uma olhadinha no rótulo pra ver quais estão presentes!

1. BUTYLPHENYL METHYLPROPIONAL: 2-(4-tert-Butylbenzyl)propionaldehyde (CAS No 80-54-6)

2. alpha-ISOMETHYL IONONE: 3-Methyl-4-(2,6,6-trimethyl-2-cyclohexen-1-yl)-3- buten-2-one (CAS No 127-51-5)

3. AMYL CINNAMAL: Amyl cinnamal (CAS No 122-40-7)

4. AMYLCINNAMYL ALCOHOL: Amylcinnamyl alcohol (CAS No 101-85-9)

5. ANISE ALCOHOL: Anisyl alcohol (CAS No 105-13-5)

6. BENZYL ALCOHOL: Benzyl alcohol (CAS No 100-51-6)

7. BENZYL BENZOATE: Benzyl benzoate (CAS No 120-51-4)

8. BENZYL CINNAMATE: Benzyl cinnamate (CAS No 103-41-3)

9. BENZYL SALICYLATE: Benzyl salicylate (CAS No 118-58-1)

10. CINNAMAL: Cinnamal (CAS No 104-55-2)

11. CINNAMYL ALCOHOL: Cinnamyl alcohol (CAS No 104-54-1)

12. CITRAL: Citral (CAS No 5392-40-5)