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25/04/2024

Racismo ambiental

Entenda o Racismo Ambiental

Neste último verão sofremos muito com ondas de calor, com temperatura chegando a 37,9 ºC, em Boa Vista (AC)  e sensações térmicas de 60,1 ºC na cidade do Rio de Janeiro. As altas temperaturas atingem todos, o sol e o aquecimento global são democráticos quanto ao público, porém a forma como cada pessoa passa por essas ondas é que muda.

As possibilidades de se proteger contra o calor é diferente para cada classe social, raça e renda. Normalmente, são os mais pobres, em sua maioria pessoas negras, indígenas e periféricas, que são mais prejudicadas pelas mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que esses grupos carregam a menor parcela de responsabilidade por essa mudança e pelos efeitos catastróficos que isso resulta.

O racismo ambiental é um conceito que descreve a maneira como as questões ambientais afetam desproporcionalmente comunidades racializadas, minorias étnicas e classes socioeconômicas mais baixas. Essas comunidades muitas vezes enfrentam impactos ambientais mais severos devido à sua localização em áreas mais exploradas, que se tornam poluídas, e isso acarreta na falta de acesso aos recursos naturais dos quais essa comunidade sobrevivia, serviços ambientais inadequados, e uma variedade de outros fatores relacionados ao meio ambiente.

“Para Rita Maria da Silva Passos, especialista em Sociologia Urbana pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o termo racismo ambiental, como ela explica, se refere ‘à carga desproporcional dos riscos, dos danos e dos impactos sociais e ambientais que recaem sobre os grupos étnicos mais vulneráveis’, mostrando que nem a destruição do planeta acontece de forma democrática.”, segundo a organização Conectas: direitos humanos, que visa ampliar os direitos humanos e combater as desigualdades para construir uma sociedade justa, livre e democrática a partir de um olhar do Sul Global.

A forma como essas minorias passam por essas ondas de calor também exemplifica o racismo ambiental. Segundo o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) estima-se que mais de 1 bilhão de pessoas, em maioria no Sul Global,  estão sob risco devido ao calor extremo por falta de acesso a equipamentos de resfriamento do ar. No Brasil, 26,7% dos brancos têm ar-condicionado em casa, em contrapartida a proporção de pretos e pardos com acesso a esse bem é de 12,6% e 15,3% respectivamente, aponta o IBGE.

Racismo ambiental é consequência do racismo institucional, ou seja, também é uma questão estrutural. Quando pensamos em falta de saneamento básico, em deslocamentos compulsórios de populações para benefício de grandes empresas privadas ou até mesmo para especulação imobiliária, são todos exemplos de racismo ambiental. O racismo sempre estará onde está o capital. Em todo o lugar. Existem várias maneiras pelas quais se manifesta:

Localização de instalações poluentes: Muitas vezes, indústrias que produzem poluição ou instalações de resíduos tóxicos são localizadas em áreas habitadas por minorías étnicas de baixa renda. Isso resulta em uma carga desproporcional de poluição e riscos à saúde para essas comunidades;

Falta de acesso a recursos naturais: Comunidades racializadas muitas vezes enfrentam falta de acesso a áreas verdes, parques, e outros recursos naturais que são essenciais para a qualidade de vida e saúde;

Negligência em desastres ambientais: Durante desastres ambientais, como furacões, inundações ou vazamentos tóxicos, comunidades minoritárias muitas vezes recebem menos ajuda e suporte do governo e organizações de resgate;

Racismo institucional: As políticas governamentais e práticas institucionais muitas vezes perpetuam o racismo ambiental, seja através de zonas de exclusão, falta de aplicação de regulamentações ambientais em áreas minoritárias, ou alocação desigual de recursos ambientais 

Deslocamento forçado: Projetos de desenvolvimento, como construção de estradas, barragens ou infraestrutura industrial, muitas vezes resultam no deslocamento forçado de comunidades étnicas minoritárias, privando-as de seus meios de subsistência e laços culturais.

Mas como ajudar para que situações assim diminuam?

Primeiro, falar sobre e começar discussões é o pontapé inicial para pensarmos em soluções e mudanças. Inclui e envolver as comunidades afetadas nas decisões políticas e de planejamento, promover a justiça ambiental e garantir a aplicação igualitária das leis ambientais.

Depois cobrarmos do poder público gestões responsáveis, ações de precauções para desastres ambientais, legislações e punições ambientais para empresas, que queiram infringir a lei e incentivo a iniciativas sustentáveis e sociais da indústria. Como a produção e o uso de embalagens recicláveis, ou de longa duração como vidros.

O uso de embalagens biodegradáveis na indústria cosmética pode desempenhar um papel significativo na prevenção do racismo ambiental, especialmente quando se considera o impacto desproporcional que a poluição e o descarte de resíduos têm em comunidades minoritárias e de baixa renda.

O uso de embalagens convencionais de plásticos, muitas vezes acabam em aterros sanitários ou poluem ambientes naturais, afetando negativamente as comunidades que vivem nas proximidades dessas áreas, sem considerar a contaminação ambiental e da flora. Muitos desses resíduos não são destinados ao descarte correto e acabam sempre em lugares isolados e sem amparo do poder público.

Embalagens biodegradáveis e recicláveis reduzem o impacto ambiental, primeiro por se decompor no meio ambiente, as embalagens são pensadas para se degradar naturalmente no meio ambiente, diminuindo o acúmulo de resíduos de plásticos, contribuindo com os ecossistemas e populações que vivem nesses espaços.

Há diversas pesquisas e estudos para o desenvolvimento de embalagens que podem ser degradadas por microrganismos, como bactérias. Embalagens a partir do amido da mandioca, de milho,  cogumelos, algas, casca de tomate e até mesmo camarão — já imaginou? O investimento, desenvolvimento e uso dessas embalagens podem fazer a diferença para diversas pessoas. Além disso, o uso do vidro, papelão e celofane também são opções de embalagens biodegradáveis.

O uso desse tipo de embalagem demonstra conscientização e educação das empresas quanto à responsabilidade social e ambiental.

E cabe a nós, consumidores, cobrarmos das empresas práticas mais ecológicas em suas cadeias de produção, e valorizarmos e consumirmos empresas que já buscam alternativas ecológicas.

Juliana Thomaz, redatora da Gaia Cosméticos, estudante de Comunicação e Multimeios UEM


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